sexta-feira, 10 de abril de 2009


Vi a tristeza de um animal abandonado...

E sempre todos os animais abandonados têm esse olhar triste, perdido, inquieto, perturbado. Nunca conseguirei compreender o que vai no interior do ser pouco humano que abandona um animal de estimação. Mais do que a comida a que o animal estava acostumado, sem ter de usar as capacidades com que a natureza o dotou para sobreviver, mais do que o aconchego do seu recanto onde descansava tranquilamente e em segurança, mais do que os jogos ou brincadeiras que com ele fizeram quando era um animal ainda juvenil, mais do que tudo isto é o laço de afectividade que este ser perdeu. É como se se tivesse cortado um invisível fio que para ele era tudo, pois era esse fio o mais importante para ele, era o que o ligava ao mundo, era o por quê da sua vida, a realidade que estava acima de qualquer outra coisa. E de repente... tudo desapareceu!

Sempre me pergunto: e se os deuses fizessem isso connosco?

Penso que a este género de pessoas que têm a insensibilidade e insensatez de praticarem estes actos faria muito bem lerem um livro: Moassy, o cão, de Jorge A. Livraga.

Será que os outros seres não têm o direito de evoluir tal como nós fazemos? Se lançamos uma ponte para essa evolução com os animais domésticos, porque depois tomamos atitudes que nada têm de humanas e nem sequer são próprias dos animais. De quem serão?

quinta-feira, 22 de janeiro de 2009

Leitura anímica


Nestes dias mais frios onde procuramos o aconchego do calorento lar sabe-nos sempre bem uma leitura que nos entusiasme a alma. E que tal cairmos nos braços de uma obra fundamental do pensamento oriental? Um texto milenar que não perde a sua actualidade pelos ensinamentos psicológicos nele contido: O Bhagavad-Guita normalmente traduzido por Cântico do Senhor.


Oriundo do Mahabharata, apresenta-nos as grandes questões do ser humano colocadas na boca de Arjuna às quais o Mestre Krishna vai dando as respostas firmes e encorajadouras para que o protagonista possa superar as suas dúvidas e angústias.


Quem não tem as suas dúvidas sobre o que fazer, como agir, que opção tomar? Quem nunca teve momentos de incertezas nos actos praticados e a praticar? Quem não sentiu já os seus braços a fraquejarem e a ser despejado das motivações que o animavam?


Pois esses somos nós, os que vivem a vida a lutar por entender-se a si mesmos e a entender o mundo que os rodeia. E as palavras de Krishna são precisamente para todos nós: quando os braços fraquejam uma força interior pode voltar a erguê-los; quando o caminho se mostra obscuro um simples sinal captado não se sabe de onde orienta-nos; um sopro que percorre a alma e a vivifica como ar fresco indicando o céu e levando para longe as nuvens mais cinzentas...


Aí está Krishna, esse poder interno que habita em todos nós e que nos leva a realizar aquilo para que nascemos: o aperfeiçoamento humano.